A CONDUÇÃO COM A CHEGADA DAS PRIMEIRAS CHUVAS




           

                                       
   


Com as primeiras chuvadas todos sabemos que é necessário redobrar o cuidado na estrada, no entanto parece que apesar de se saber, não se cumpre.
       Atendendo a que a precipitação  provoca vários constrangimentos rodoviários que influem negativamente na normal circulação dos veículos,  normalmente no que respeita à  aderência, a visibilidade e ainda a distâncias de segurança, vamos neste post fazer algumas considerações que nos parecem importantes referir no que respeita aos factores atmosféricos e a sua influencia na sinistralidade.
      No que respeita à aderência e, sendo este o facto mais importante nesta abordagem, pois é pela redução do coeficiente de atrito que o condutor tem de tomar outra medidas preventivas de forma a anular ou minimizar este efeito.
Em primeiro lugar no início da época das chuvas, devemos ter um especial cuidado com a verificação do estado geral dos pneumáticos do veículo. Neste ponto devemos ter em consideração o que já foi escrito em vários artigos deste Blogue e do Blogue Tudo sobre pneus, verificar o rasto dos pneumáticos, verificar a pressão, verificar os ombros se apresentam gretas ou se os pneumáticos apresentam indícios de vidragem. Devemos também verificar o estado das escovas limpa vidros, pois podem não estar em condições e necessitar trocar ou somente limpar. Devemos também verificar ainda as condições de iluminação do seu veículo, pois em caso de chuva o seu uso é essencial para que possa ser visto pelos outros condutores.
Com a redução do coeficiente de atrito para valores na ordem dos 0,55 ou menos, em casos de hidroplanagem, (piso seco entre 0,7 e 1) à que tomar algumas medidas preventivas, tais como: a redução da velocidade para valores considerados seguros, tendo em conta as condições concretas, esta redução de velocidade deve também ser acompanhada de um aumento da distancia do veículo que vai à sua frente (Distancia de segurança), pois em caso de travagem/abrandamento do trânsito, este espaço deve ser necessário para imobilizar o seu veículo sem perigo de colisão. Podemos também em casos extremos de grande precipitação e falta de visibilidade, ligar as luzes de perigo como complemento visual .
No que respeita à perca de aderência, podemos  abordar esta problemática em duas vertentes, a perca de aderência longitudinal (travagem ou hidroplanagem) e a transversal (perca de aderência na descrição de uma curva) que poderá originar uma sobre ou subviragem.
No que respeita à primeira, perca de aderência longitudinal, esta pode ser controlada com a redução da velocidade e aumento das distancias de segurança. Para se ter noção das distancia necessária para imobilizar um veículo a determinada velocidade, com determinado atrito, podemos utilizar a seguinte equação matemática, que nos diz qual a distancia segura
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Onde:
S- é o espaço seguro que pretendemos saber.
V - é a velocidade de circulação do veículo em m/s
u- è o coeficiente de atrito que no caso de piso molhado é de 55 (dependendo do material)
g- aceleração da gravidade 9,81
t- Tempo de reação do condutor que pode variar entre (0,75s e os 2 segundos) se o condutor for atento empiricamente utiliza-se os (0,75 s)  mais órgãos de travagem do veículo (0,3s), o que neste caso totalizaria 1,05 s.
Como exemplo: um veículo a circular a 50 km/h, com o piso em betuminoso velho húmido(0,55), necessita de pelo menos 32 m de espaço livre para imobilizar o seu veículo.
Um veículo a circulara a 50 km/h com o piso em betuminoso velho seco (0,70), necessita de pelo menos 28,2 m de espaço livre para imobilizar o seu veículo.
No que respeita à aderência transversal, esta é influenciada por dois factores o primeiro prende-se com o raio da curvatura e com a força de atrito gerada na descrição dessa curva, o segundo prende-se com a velocidade de circulação do veículo.
No primeiro caso, a responsabilidade da manutenção das condições de segurança da via, está a cargo da gestora da via (EP; BRISA; ASCENDI…), pois devem garantir a segurança dos utentes na descrição da curva, de forma a que as forças de tritos não sejam demasiado elevadas, para evitar efeitos de sub ou sobreviragem. As normas de engenharia rodoviária apontam para valores de acelerações Normas de traçado nunca superiores a 2,16 m/s2, sendo o ideal de 1,08 m/s2..
Importa também referir que neste processo de descrição do veículo num alinhamento curvo, entram em compensação dois valores. A aceleração centrifuga que atua sobre o veículo e que pode ser calculada pela seguinte equação Acv = V2/(3,62x R), sendo V a velocidade do veículo e R o Raio do alinhamento Curvo. E a capacidade de resistência à aceleração centrifuga do alinhamento curvo à velocidade de circulação do veículo. Neste caso podemos também calcular este valor em função da seguinte equação CRac =9,81 x (µ + releve). Convém referir que para estes cálculos os coeficientes de atritos a ter em conta devem ser de 0,17 para velocidade de 50 km/h e de 0,10 para velocidades de 102 km/h. Logicamente que a aceleração centrifuga que atua sobre o veículo, tem de ser sempre inferior à capacidade de resistência à aceleração centrifuga do alinhamento curvo, caso contrário seria mais um dos erros que subsistem por essas nossas estradas. Para encerrar este capitulo importa ainda referir que os alinhamentos curvos devem estra devidamente sinalizados com sinalização  especifica, indicando inequivocamente o condutor, de que a descrição daquele alinhamento curvo só é seguro até à velocidade constante no sinal vertical (referir ainda que esse valor deve ser assegurado para velocidades de  mais 20 km/h que a colocada no sinal vertical, por força da velocidade de tráfego ou V85, constante na norma de traçado). A velocidade máxima permitida em curvas circulares, é calculada em função do raio da curva e da força de atrito permitida (1,08 m/s2 ) , através da seguinte equação = 3,6 x (1,08 x R )0,5 , onde 1,08 é a força de atrito permitida e R é o raio da curva circular.
Em suma, facilmente se percebe que a aderência apresenta uma série de factores que aumentam o risco de acidente. Porém o condutor tem de dispor de uma série de informação que se prende com o que foi anteriormente descrito, por forma a poder tomar a decisão certa na hora certa.
Reduzir a velocidade e aumentar a distancia de segurança são aquelas que por norma são mais eficazes.
No que respeita à visibilidade, todos sabemos que a chuva provoca uma diminuição desse faculdade, no entanto o condutor dispõe de uma série de acessórios que pode utilizar para  minimizar essa lacuna. Deve fazer uso do sistema de iluminação quando chove, verificar as escovas e ainda o sistema de desembaciamento do veículo.



Alguns valores de coeficientes de atrito  
Atritos Veículos Ligeiros Atritos Veículos pesados 80%  ligeiros
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  Fonte REED, WALTER S Y TANNER KESKIN, A “ Vehicular deceleration and its relationship to friction” SAE, USA, 1989

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